Bruno Aranha, o melhor amigo que fiz por correspondência, uma das poucas pessoas com quem eu conseguia falar a respeito de outras coisas além de Metal. Somos amigos há mais de 15 anos e espero que essa amizade dure a vida toda. (especialmente pq agora ele namora uma pessoa linda, doce que e eu amo muito! Rafa, gatona, roubou meu coração! kkk)
Epístola "muderna" a Bruno Aranha
"a epistolografia, isto é, a arte de exercitar o estilo literário em cartas, mais do que um simples gênero literário de comunicação, é um gênero literário como qualquer outro." - Rebello, Lúcia Sá in Sêneca, da vida e da obra: Idéias inspiradoras e atuais
Bruno,
Já que a gente não consegue se encontrar nunca e eu queria muito dividir contigo algumas coisas, pensei em fazer um "revival" e te mandar um email. Claro que não é a mesma coisa que aquelas cartas imensas que trocávamos durante a adolescência, mas tá valendo!
Você bem sabe que eu sempre gostei de escrever, aliás, a primeira vez que escrevi sobre metal foi entrevistando o Tiger Cult (que na época era Angry Angel) para o zine do Gustavo, lembra? Como era mesmo o nome do zine? Total Metal, não era? Acho que ainda tenho esse zine perdido em casa... Tentei manter uma cópia guardada de todas as publicações em papel que colaborei.
Bem, mas o que eu tinha pra te contar é que parece que finalmente me "encontrei" no meu blog. Não sei se você vai lembrar, mas os primeiros posts foram bem minha cara, reflexivos, depois eu fiz duas resenhas de show bem comunzonas e aí fiquei um pouco perdida. Em 2014 publiquei um único texto, aquele sobre o Skyclad que você não só elogiou, como me disse até para mandar para o Whiplash. (eles não publicaram e não me deram um retorno ahauhauhaua) Eu mesma gostei demais do resultado final, deu até aquele "orgulhinho" de ler depois de pronto!
Nem sei se você teve tempo de ler o post que fiz falando sobre machismo no metal, sei que você andou na correria por conta das provas do doutorado, mas quando puder dá uma lida e me fala o que achou. O lance é que esse post teve uma repercussão que eu não imaginava! Pensei que ia tomar uns xingos, que iam me chamar de louca, enfim... só esperava porrada, mas foi justamente o contrário! Acredita que foi o post mais acessado do meu blog até hoje?
O mais louco de tudo foram comentários que li no Facebook vindos de mulheres que nem me conheciam! Fiquei realmente surpresa de pessoas terem gastado tempo pra ler o que escrevi, de dizerem que identificaram-se com meu relato e de terem tecido elogios. Conheci uma mina muito bacana, a Debie Molécula que mora em Salvador e toca na Macula e chorei ao ler o comentário dela. Através do meu texto eu me conectei com ela, mexi em algo lá dentro do seu íntimo e foi a sensação mais incrível que já tive com algo que já fiz. Apesar de amar metal, sempre achei incrível o quanto galera que tem banda tem saco pra compor, ensaiar, viajar por aí pra tocar e o quanto de grana acabam colocando pra tornar isso possível. Ao me conectar com a Debie eu finalmente entendi! Deve ser essa emoção tão maravilhosa que senti que os motiva.
A faculdade de Letras me fez ler muita coisa sobre teoria literária, muito texto técnico a respeito de linguística e escrever muito sobre assuntos complexos, mas sempre achei que minha habilidade para escrever não era lá grandes coisas, eu tinha até vergonha dos meus textos. Aliás, isso me lembra de um verso do poema Testamento do Bandeira em que ele diz "Sou poeta menor, perdoai!". Mas, depois desse comentário da Debie e outros tantos que recebi, seguirei "poeta menor", mas com um sorriso no rosto e cheia de satisfação no coração.
Obrigada por sempre me apoiar e sempre dar opiniões sobre meus textos.
Sua amiga de hoje e sempre.
Linda